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22 dezembro 2009

Control C

Ia eu escrever um belo e comovente post sobre como a ceia de natal não precisa necessariamente ocorrer na noite de 24 de dezembro; ter obrigatoriamente peru, chester e arroz com frutas de cardápio; reunir invariavelmente parentes sanguíneos que se encontram miservalmente uma vez por ano e completar a descrição com a foto abaixo:


Mas aí veio alguém e se antecipou a minha ideia. Não existe época melhor pra dizer 'o que vale é a inteção'.

13 dezembro 2009

Receitinha

"Alguns menos, outros mais, chatos somos todos."

O segredo da mágica então é a tolerância para com o próximo a partir da tomada de consciência da própria imperfeição. Ou 'quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra'*, porque sempre tem um jeito fácil de expor uma divagação.

Mas e quando você se dedica a um dos gestos mais nobres que os bons de coração são capazes de fazer, que é genuinamente se interessar pelas chatices alheias - e a contrapartida não vem, nunca, de nenhum modo perceptível, como fica? Ah, já sei .. pede pro Papai Noel ...


* no embalo da pira por listeeeenhas, onde será que tem o ranking dos dez melhores ditados populares que podem mudar a sua vida em duas semanas?!

12 dezembro 2009

oi?!

Ele veio, ele bombou, ele já está quase indo embora ... e eu neeeeem aí. Mas n-e-m-a-í. E ok, sabe, sobrevivo bem assim. Felizes os alienados. Né?

08 dezembro 2009

O Natal Existe

Então, pra começar a ler esse post, entoe mentalmente a música da propaganda do garotinho andando de bicicleta pra chegar a tempo à apresentação do coral. Sabe aquela?

Quero ver você não chorar
não olhar pra trás
nem se arrepender do que faz
Quero ver o amor vencer
mas se a dor nascer
você resistir e sorrir (...)

Sacou o espírito, né. Bom, eu descobri que o Natal existe. E Ele tem um significado indescritivelmente doce. Que vem com uma embalagem da Cacau Show. Então assim:

Se você pode ser assim
tão enorme assim
eu vou crer

Que o Natal existe
que ninguém é triste
E que no mundo existe amor

Bom Natal um Feliz Natal
muito amor e paz pra você pra... vo...cê...

06 dezembro 2009

do bem

Começou a me perseguir naquela propaganda da mulher querendo comprar três pães, tendo dinheiro apenas para dois e a dona da mercearia colocando, escondida, um pão extra na sacola da mulher. 'Generosidade, passe-a adiante'. Ficou rebombando na cabeça por um longo tempo.

Ciclicamente, a ideia do 'fazer o bem sem olhar a quem' aparece como a vibe do momento. Porque parece um conceito tão óbvio - e mesmo assim tem tão pouca gente que coloca em prática - às vezes a tal fé na humanidade fica balançada. Aí então você pensa: é isso o que acontece quando se espera demais das pessoas. E corre o risco de ficar azeda como um torta de limão coalhada.

A única coisa que se pode fazer é dar o primeiro passo, sempre. Você pode ser bom doando roupas usadas ou uma cesta básica. Mas você também pode fazer o bem emprestando de bom grado seus ouvidos e seu tempo. Seu respeito e sua consideração. Fazer o bem com um hífen como em 'bem-estar' alheio.

E se a outra pessoa não conseguir fazer o mesmo por você não significa necessariamente que ela seja a escória da humanidade (o que pode até ser em alguns casos) - mas pode ser simplesmente que ela esteja precisando disso muito mais do que você pensa.

04 dezembro 2009

Será?!


A identidade secreta do Papai Noel?!?

hauhauhau

03 dezembro 2009

coincidências

Periodicamente o texto abaixo acaba aparecendo no meu e-mail, geralmente com o comentário 'lembrei de ti'. Sempre diz a minha mãe: bem ou mal, mas falem de mim.

Doze conselhos para ter um infarto feliz !!!

1. Cuide de seu trabalho antes de tudo. As necessidades pessoais e familiares são secundárias.

2 Trabalhe aos sábados o dia inteiro e, se puder também aos domingos.

3. Se não puder permanecer no escritório à noite, leve trabalho para casa e trabalhe até tarde.

4. Ao invés de dizer não, diga sempre sim a tudo que lhe solicitarem.

5. Procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias, conselhos e aceite todos os convites para conferências, seminários, encontros, reuniões, simpósios etc.

6. Não se dê ao luxo de um café da manhã ou uma refeição tranqüila. Pelo contrário, não perca tempo e aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer reuniões importantes.

7. Não perca tempo fazendo ginástica, nadando, pescando, jogando bola ou tênis. Afinal, tempo é dinheiro.

8. Nunca tire férias, você não precisa disso. Lembre-se que você é de ferro.

9. Centralize todo o trabalho em você, controle e examine tudo para ver se nada está errado.. Delegar é pura bobagem; é tudo com você mesmo.

10. Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e pintar aquela dor de estômago, tome logo estimulantes, energéticos e anti-ácidos. Eles vão te deixar tinindo.

11. Se tiver dificuldades em dormir não perca tempo: tome calmantes e sedativos de todos os tipos. Agem rápido e são baratos.

12. E por último, o mais importante: não se permita ter momentos de oração, meditação, audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida. Isto é para crédulos e tolos sensíveis.

Repita para si: Eu não perco tempo com bobagens.
Dr. Ernesto Artur - Cardiologista

29 novembro 2009

the end

Não por coincidência que a trilha do momento é aquela que dá nome a essa postagem - The End, The Doors. É o fim. Aqui fecho a conta de 2009 (que o que vem pela frente é só administração ou já cheira a 2010). Antes de começar as listinhas pro próximo ano é tempo de encaminhar o balancete deste, cujas cores começam a desbotar.

Se fosse resumir, acho que o faria assim: 2009 foi um ano que começou com tudo pra ser catastrófico e não foi; mostrou que nunca faltam forças pra sustentar aquilo que nos é proposto; tentou, mais uma vez, avisar que é preciso amadurecer prorporcionalmente ao dito 'nem tudo que parece, é'; relembrou que as surpresas estão à solta por aí, pra quem puder encontrá-las; em alguns momentos chegou a ser inebriante, para o nirvana e para o precipício, com o belo de cada lado; e agora vai-se embora deixando um leve gosto amargo que só o que é em excesso sabe provocar.

A ideia de ano 'divisor de águas' não me agrada porque nunca se sabe o que reservam os próximos doze meses; e seria nonsense demais ter um ano divisor de águas a cada ano - mas é mais ou menos assim que acontece, na prática. Ousaria dizer que de 2009 vou lembrar com mais intensidade, mas isso tão somente até que a linha do tempo comece a embaçar as memórias e confundi-las, espero, com o aprendizado que fica.

Se é culpa do consumismo esse adiantamento (que em meios de novembro as ruas já estavam todas vestidas de vermelho e branco, com as superpromoções natalinas) não sei; se mais um episódio da novela 'o tempo de cada um' - talvez. Mas pra mim é hora de ir para o fundo da caverna e elaborar. Já dizia Elis, em uma das frases que aprendi nesse ano: o novo (não só o do calendário) sempre vem.

25 novembro 2009

Pra não dizer que não falei de flores


Reza a lenda (ok, não é bem a lenda, é a música dos Titãs) que as flores de plástico não morrem. Embora não esteja descobrindo nenhum ovo de colombo, esse texto aqui traz um olhar que, apesar de todos os lugares comuns, vale ler.

Porque, no fim das contas, certo estava o Pequeno Príncipe ao falar com sua rosa. E essa parte nenhuma candidata a Miss lembra de comentar.

24 novembro 2009

de volta

três considerações a fazer:

- todo mundo sabe que o 'felizes para sempre' não existe na vida real. chegaria o dia em que o corpo assimilaria a novidade e ela deixaria de fazer efeito. sabia que sim. e o dia chegou. que pena. dizem sempre que auto-medicação é o erro. mas nada falam sobre auto-dosagem.

- a morte, quando não uma experiência próxima, profunda e dolorosa, tem isso de aproximar as pessoas. porque todo mundo se mobiliza quando uma fofoquinha tétria está no ar. o fato de alguém conhecido morrer gera uma certa comoção - todos querem compartilhar o conhecimento do fato, trocar impressões e experiência. lembrou-me do fato de as pessoas de mais idade adotarem o costume de frequentar velórios e enterros de qualquer um, não importa o grau de relação, como artifício para ajudá-los a lidar com a proximidade com a morte. ok, temos todos quase 30, né.

- como é máster broxante quando as pessoas supervalorizam sua existência, suas realizações, seus problemas e suas conquistas. só consigo pensar numa coisa: tantos apelos hiperbólicos só podem estar ali para encobrir outros graus superlativos - carência, incompetência, insegurança, egoísmo e, sobretudo, a incapacidade de desenvolver consideração pelos outros.

22 novembro 2009

desapego

Então que esse fim de semana foi assim, digamos existencialista. Mais como uma sessão de desapego. O primeiro ritual de passagem foi no sábado, com uma visitinha a um lar que abriga pessoas idosas. Ok que eles estavam limpinhos e bem alimentados, mas sabe o que primeira senhôura pra quem eu arrisquei dar oi me disse? 'Faz cinco anos que minha família não vem me visitar. E eles só vêm de cinco em cinco anos'.

Assim: não bastasse o medo da proximidade da morte que a idade avançada traz, as mil e quatro doenças, proporcionais aos anos de vida, a incapacidade de dar mais do que um passo por hora - e as pessoas precisam, ainda, conviver com a rejeição nesse grau?! Será que o ser humano não vale nada, mesmo?

Assim 2: se hoje, na dita flor da idade, eu praticamente sur-to, tipo, se não me respondem uma mensagem de celular, imagina num caso desses? Qual a previdência contra o abandono, hein?

Depois disso precisei fazer minha pequena parte pra tornar o mundo menos cruel e resolvi repartir o pão com o irmão - roupas e calçados, no caso. Foram-se três sacolas do meu guarda-roupa. Aproveitando a transe, resolvi faxinar t-o-d-o-s os cômodos da casa, retirando sacoladas de quinquilharias e sujeiras mil porta à fora. Não consigo mais contar quantos sacos foram, mas eles estão fazendo sombra pra estacionar praticamente uma scania do outro lado da rua.

Então, com o espírito livre e a decoração natalina devidamente providenciada (comprei uma xícara lin-da de Papai Noel), talvez possa começar a aceitar a ideia de que dezembro está logo ali depois da curva. Mas aí é papo pra outra hora e agora eu tô é afim de degolar aquela espumante que descobri no meio da faxina. Porque é dando que se recebe, né.

19 novembro 2009

parênteses

( odeio muito quando o óbvio se faz necessário de ser dito. igualmente odeio quando o óbvio não é compreendido. )

14 novembro 2009

Notas de sábado de manhã

Ontem à noite assisti ao filme District 9. Não curto muito filmes de ficção, mas esse tem um apelo humano diferente em se tratando de filmes de E.T. O resumo da história vocês podem procurar no Google - e a partir disso avaliar se concordam com: nivelando por baixo, somos todos iguais. Em nossa crueldade, nossa frieza, nosso egocentrismo, nossa soberba.

Humanos ou alienígenas, tendemos a validar como correta nossa postura, seja ela qual for, do mesmo modo que a repreendemos e condenamos nos outros - pelo simples fato de ser nos outros. Então a intolerância corre solta e no fim das contas de todo dia a gente esquece de reconhecer que somos todos um grande amontoado de células e partículas que casualmente formaram um bonequinho de Lego interessante - e o que nos diferencia, talvez, seja nossa capacidade de empatia (ou, ainda, nossa dededicação em transformá-la em algo concreto e prático).

Não que Madre Teresa esteja ganhando concorrência, mas quem sabe seja algo que valha a pena treinar.

--

Jornalismo entre as 20 profissões que melhor remuneram?! Tudo bem, pode-se estar falando em valores brutos apenas, não na relação custoxbenefício do negócio. Ou tá faltando gente nas redações e tão querendo dourar a pílula ... se conseguirem aí sim, esses justificam os 'altos salários' que recebem.

12 novembro 2009

off

Pois que então que os ares às vezes exalam um azedo provincianismo - muito menos pelo cenário de vilarejo que cobre o entorno; mais pela banlidade que pinta os contornos das ocasiões.

É como aquela broa que você coloca na boca e, quando percebe, ela desapareceu, deixando a sensação de 'tá, e aí, era só isso?'. A trivialidade aborrece. Por isso que a perna balança na cadeira - tentando tatear o excêntrico nosso de cada dia.

Vem comigo sacudir as folhas. Arrebatamento. Só pra ver quer para antes. Senão, onde fica a graça?


ps.: no 'a pedidos', em resumo, assim: como era esperado, para o bom (uma expectativa superada) e para o mal (a ciência da robótica explica).

05 novembro 2009

Fama é...

K A S S Y diz (17:01):
sempre que vejo cerveja lembro de ti

---

tem coisas que só o msn revela pra você.

03 novembro 2009

Finde

Falando em horas de um fim de semana, impossível deixar de fazer referência ao momento nonsense, no melhor estilo ópio com a dupla açúcar+gordura trans.

Aqui.

Por isso que o pensamento não linear cresce forte na mente, robusto, com dobrinhas nas pernas e rechonchudas bochechas vermelhas. E tão barulhento quanto um rebento bem nutrido, com as bagas de leite escorrendo pelo canto da boca rosada.

Certo que má alimentação lesiona o cérebro, né?

Sem paz

Talvez parte do desasossego seja por causa do calor infernal que derrete qualquer ânimo e resume a cinzas a maior das boas-vontades em fazer alguma coisa.
Mas boa parcela da inquietação vem em ondas que culminam com a lembrança do seguinte trecho de texto, de procedência questionável, há muito lido e já aqui postado em um dado momento:

"É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar? (...) Alguém que não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana?

E se a pessoa percebe que sem o caos que ocupa seus dias esses mesmos dias simplesmente não existem? E se a pessoa acorda um dia entendendo que todo o furor era apenas uma forma de maquiar o vazio? E se todo o caminho foi errado? Porque a prioridade pode se relevar oca eventualmente. Os ombros até então genuinamente confortantes podem se transmutar naqueles que dançam ao ritmo do descaso.

A grande agonia é que a gente nunca sabe. É uma aposta eterna, com os dados pra sempre rolando na mesa, e a gente esfregando as mãos, esperando para ver se teve sorte e levou o grande prêmio. As vezes as respostas certas - as certezas - fazem falta. Porque o ponto de interrogação é uma sombra que nem no escuro cessa de perseguir.

29 outubro 2009

Agora sim

Sabíamos todos que esse dia chegaria. O momento de dizer 'agora sim, chega de palhaçada' (os conhecedores da saga podem pular para o próximo parágrafo. aos demais: agora sim, chega de palhaçada é um mantra que temos entoado desde o segundo em que percebemos ser inevitável o dia da formatura - ou seja - o fim de nosso fairy tail acadêmico, regado à cerveja, café e batata frita, e a transição para a vida adulta, séria e responsável. seguimos a ladainha até hoje, mil anos depois, no entanto).

Pois então que terça-feira nós compramos uma casa. (pausa para a releitura da frase. ok, eu espero, não tem problema). Eu e meu espôso estamos adquirindo um apartamento, que está na planta ainda, para daqui a três anos, quando a construção do prédio for concluída, morarmos juntos nele. Então que eu terei uma casa para chamar de minha. Então que nós teremos uma casa para chamar de nossa.

E parece que foi outro dia que eu peguei meu carro, saí de Caxias do Sul e passei a primeira noite oficialmente 'saída de casa'. No silêncio, eu chorei. Não pela apreensão do primeiro dia de trabalho, que seria na manhã seguinte, mas porque, daquele momento em diante, eu trocava o conforto da barra da saia da mãe pelo peso da pressão de ter eu mesma que fazer minha vida dar certo.

Daí decorreram uma série de anos com mochila nas costas, peregrinando de casa em casa, e de térmica na mão, sobrevivendo a uma noite de trabalho em claro após a outra. Não que esse cenário vá mudar em um futuro breve, mas eu tenho uma perspectiva real de que. Acho que é a primeira vez na vida que eu trabalho com alguma ideia de planejamento que não seja completamente abstrata e meramente intencional.

E se não sei muito bem como assimilar esse novo contexto, percebo uma obrigatoriedade em amadurecer. Na contramão, um certo temor do avental da burocracia que vestem as pessoas estabilizadas. Porque o bege não combina, né. Da lista de atributos que já não tem a simpatia e a sociabilidade, se for riscar a excentricidade também complica né.

Ou talvez o 'agora sim, chega de palhaçada' só vá ganhar um novo endereço.

25 outubro 2009

Felicidade

Previa que seria uma noite de excessos etílicos. Não porque esse seja um hábito ou porque meus convivas sejam barra-pesada em termos de copo. Mas, sabe, descontrair é preciso. E todo mundo sabe que meia dúzia de garrafas de espumante são a boa da vez pra dar aquela extravasada, liberar e jogar tudo para o ar (é, às vezes eles acontecem).

Então que entre uma tacinha e outra veio a revelação. Tão simples, tão óbevea e bem na nossa cara, o tempo todo. A fórmula mágica dos dias de sol nas férias, do cheiro de bolo em casa, de um abraço apertado, de uma nota de R$ 50 descoberta no bolso de um casaco pós-inverno - enfim, entenderam o sentido, né.

A receita era aquela. E era preciso eternizá-la com urgência. Tanta era a pressa que, na hora de pegar a caneta, até a escolha da mão saiu invertida. Nada, entretanto, que impedisse o exercício da redação - e assim começou o registro de uma nova era cor-de-rosa e pontuada por smiles e com sabor de confetes de chocolate.

Mas, como o diabo ensina a fazer a panela e não a tampa, veio o elemento-surpresa capaz de colocar tudo a perder: a provocação. 'Tá feio? Escreve melhor, então." Aí a guerrilha começou.

E foi assim que a 'Receita da Felicidade' acabou antes mesmo de propriamente começar, no sinal de dois pontos, rascunhada em um guardanapo molhado de bebida, jogada no fundo de uma bolsa. Incompleta. Uma incógnita. Um mistério ainda por desvendar. Uma missão ninja, quem sabe para um próximo fim de semana.

19 outubro 2009

and the winner is

Esse é pra mim, pela minha ultra mega super desenvolvida capacidade de colocar meus ovinhos na cesta errada. Porque é assim: se eu vejo lá ao longe uma possibilidade que sabidamente não vai dar certo e é ba-ta-ta. Lá vou eu, em um salto triplo ornamental, mergulhando de cabeça naquilo que é fria anunciada e tchibuuuum - me espatifo no chão. Pra não sair das metáforas aquáticas, precisaria teorizar um pouco sobre essa tendência de embarcar em canoas furadas - especialmente nos casos em que sei que não vou dar pé.

Tenho esse lado, talvez meio masoquista, quem sabe, de investir naquilo que não vai dar retorno. Parece uma compulsividade em dar cabeçadas. Repetir os erros não é nada charmoso. É como se sofresse uma atração gravitacional pelo desequilíbrio - claro, ficando o déficit pra mim, obeveamente. E é assim que eu venho disperdiçando tempo, atenção e esforço em sistemáticas problemáticas. Livre arbítrio. É. E odeio saber.

Como sempre tem uma frase feita pra aliviar a pressão de descobrir uma boa conclusão, vai lá: é preciso aprender a não tratar como primeira opção aqueles que tem enxergam sempre em segundo plano.

16 outubro 2009

Momento Clarissa

Acho sempre bem simbólico isso de resgatar do fundo da gaveta o maço de papel pautado, assoprar dele a poeira e, com a solenidade que pede o momento, preparar a caneta-tinteiro para a vinda de uma nova carta. Porque o lado Clarissa tem seus rompantes literários e, vez ou outra, precisa tomar este espaço emprestado.

"Não desde que te conheci, mas desde que te percebi, tenho pontuado meus momentos com tua presença. Reconforto-me contigo no pensamento. É tua figura que me aninha o âmago, tal qual os lençóis, com aquele cheiro de estendidos ao sol em uma manhã de domingo para secar, envolvem-me no embate à espera do sono, enquanto penso em ti. Recriando diálogos travados apenas no imaginário, mas que escorrem entre nós no receio de todo o dia. Ensaiando situações em que diria livremente as exclamações. Planejando as reações que teria se tu me dissesse aquilo que tanto espero se confirmar. Sim, porque eu suspeito. E em cada detalhe busco uma evidência que comprove meu anseio. Mas é da afirmativa que preciso. Chame de insegurança, ou egoísmo, se preferir, mas não me bastam as insinuações. Preciso que me aplaques a vaidade dizendo, uma vez que seja, de tempos em tempos, claramente que sim. Embora vistas com garbo o traje do orgulho indiferente, e que também eu o faça para ti com igual maestria, é de muito que desejo a suspensão do fogo amigo, por breve que seja, para, no lugar dele, um momento de confidência. Sem que haja o que cede e tampouco o que domina, mas um mútuo acordo. Eu para ti e tu para mim. Declaremos tudo que precisa ser sabido e sigamos com nosso modelo. Seguro, então. Porque desse excesso de resguardar pode vingar o frio."

14 outubro 2009

Happy pills

Hau hau hau.
Olha eu, olha eu agora em versão lisa simpson.
Assiste aí:



So help me god. Bless us all.

12 outubro 2009

Nem sempre

Como já previa que fosse ser, não tive qualquer grande revelação nesses dias fora. Pude saborear algumas pílulas de constatações que sempre é válido reiterar e interiorizar.

- de hoje em diante está proibido por decreto menosprezar a consideração alheia. todo mundo descendo agora do super-alter-ego-avantajado e se colocando na condição de mais-um-igualmente-importante-quanto-qualquer-outro, fazendo o favor. Ou quem você pensa que é pra fazer pouco caso daqueles que se importam realmente com você?! E, se não era essa a pessoa que você queria que se importasse tanto assim você, então talvez seja você quem precisa rever alguns conceitos.

- tudo bem que é muito poético dizer que sim, tudo vale a pena. Mas saiba sempre onde você está colocando seus ovos. Ao investir seu foco exclusiva ou prioritariamente em alguém - ou em chamar a atenção de alguém - você certamente deixará de perceber quem está tentando chamar a sua. E isso é uma falha imperdoável.

- se estivesse elencando palavras-chave, entre elas apareceriam: compreensão, humildade, empatia, generosidade e paciência. Talvez a harmonia passe por aí.

- a gente sempre acha que faz mais falta do que realmente faz, especialmente pras pessoas que a gente achava que sentiriam mais a ausência. elas simplesmente dão um jeito sem você. ou esperam.

- peixe grande em aquário pequeno ou peixe pequeno em aquário grande? E não me venha repetir que a vida é feita de escolhas, que isso eu já sei.

04 outubro 2009

Em resumo

Em resumo, é mais ou menos assim que funciona. As pessoas são desdenhosas.

des.de.nho.soadj (desdenhar+oso) 1 Que mostra desdém. 2 Altivo, soberbo.

E tendem a menosprezar tudo aquilo que não concerne a seus interesses particulares.

me.nos.pre.zar
(lat tardio minuspretiare) vtd 1 Depreciar, desprezar, ter em pouca conta. 2 Desdenhar, não fazer caso de.

Ocupadas cuidando de seu egoísmo, esquecem de que, às vezes, poderiam retribuir o grau de consideração que recebem, não por obrigação, mas por generosidade, àqueles que fazem por merecer.

e.go.ís.mo
sm (ego3+ismo) 1 Qualidade de egoísta. 2 Amor exclusivo de sua pessoa e de seus interesses. 3 Conjunto de propensões ou instintos adaptados à conservação do indivíduo.

Mas isso implica numa reciprocidade que nem todos são capazes de ter, ou têm a coragem de demonstrar, ou, ainda, que é apenas fantasiada por um. Surge daí a mágoa da indiferença.

in.di.fe.ren.te
adj (lat indifferente) 1 Que manifesta indiferença. 2 Que não apresenta motivos de preferência. 9 Que antipatiza. s m+f 1 Pessoa que se desinteressa de qualquer religião ou de qualquer sistema político. 2 Pessoa que quebrou relações de amizade com outrem. 3 Pessoa que não tem amizade nem ódio a outra.

E, eventualmente, a ciranda cansa, e o que fica é o vazio do ‘oi, tudo bem?’.

02 outubro 2009

So long

Então que viajar sempre causa um certo alvoroço. Lembro muito de quando era criança e, na escola, as professoras diziam que estávamos 'chamando chuva' naqueles dias em que a turma era insuportável. Bom, o comparativo termina aí, na sensação de estar 'chamando chuva'. Porque arrumar as malas significa pra sempre sentir falta da comodidade do meu santo sofá, da excentricidade de horários que me é peculiar, do iogurte com aveia andando pela casa de manhã e das pessoas com as quais eu já não preciso mais formular frases completas para ser entendida.

Porém, mal posso esperar por sentar a bunda no carro e dar o fora daqui. Todo mundo sabe que trocar de ares É preciso de tempos em tempos e tá na minha hora. É aquela necessidade de quebrar a rotina, de colocar os velhos hábitos no sol e tirar deles o mofo do dia-a-dia, de falar coisas diferentes com outras pessoas. E de organizar as ideias numa revisão do top ten do ano. Que todo mundo também sabe que aeroportos e aviões têm o poder mágico de desobnubilar os pensamentos, e que encher os pulmões com o ar noturno de outra cidade é a melhor prática de renovação interna que existe. E arremato tudo isso com uma baladeeeenha open bar na volta, pouco bom?!

Dessa vez não vou com uma pauta de pontos de interrogação. Vou com uma lista de reticências (tá, vão lá, completem de uma vez, sei que estão morrendo para dizer: 'E com uma pilha de ansiolíticos na bolsa, sua louca demente'). E a certeza de que as respostas são um processo 'obra-aberta' - porque eu perco o leitor, mas não disperdiço o clichê.

25 setembro 2009

Indas e vindas

Um lead bem básico, pra começar: na adolescência eu tinha essa amiga, que era muito minha amiga. Foi com ela que eu fiz as coisas mais estrambólicas que se pode fazer nessa fase. Uma sabia muito bem o que a outra gostava - e como a outra se irritava. E ficávamos nesse joguinho, indo de um extremo ao outro, da total cumplicidade ao exercício da indiferença. Até que, por sei lá quais razões, cansamos e cada uma seguiu seu rumo. Foi nesse ano que nos reencontramos virtualmente, seis ou sete calendários depois.

Cenário captado? Aí a boa que rolou esses dias foi num papinho via msn. Disse ela algo mais ou menos assim: que, para nós, ninguém nunca era perfeito. E as pessoas com defeitos jamais poderiam ser perdoadas por tê-los.

Não consigo mais precisar o contexto da colocação, mas achei a análise de uma adequabilidade fenomenal. Porque ela consegue sintetizar extremamente bem algumas das características que são mais marcantes e, por muitas vezes, toda a fonte de mazelas do dia-a-dia.

Há momentos em que falta tolerância e sobra arrogância. A soberba de se achar acima dos outros, além do bem e do mal, com a posse do julgamento mais pertinente e capaz de fazer os melhores juízos de valor. É uma prepotência disfarçada, como se fosse um eterno olhar de solsaio para tudo e para todos.

Então quando a gente se depara com aquela meia dúzia de pessoas que vale passar tempo com, a gente se aborrece muito ao percebê-las falíveis, não cem por cento correspondendo àquele ideal de perfeição que se costuma projetar nesses casos. Aí incomoda muito quando a pessoa, coitada, não consegue corresponder às altíssimas expectativas que cultivamos em relação a ela. E que certamente nunca foram compartilhadas com ela.

Tudo aquilo que parece óbvio para ti nem sempre é aquilo que outro entende como necessário e imprescindível de fazer. Se um não passa seu recado com clareza, como esperar a contrapartida? Quando a conta não fecha, sobra de saldo uma frustraçãozinha aqui, um malentendidozinho ali, um rancorzinho pra lá, uma sensaçãozinha de rejeição pra cá. E tudo aquilo que poderia ser menos complicado vira uma miscelânia de dúvidas e incertezas pré-fabricadas. E, aí, fica a frieza polida.

Com certeza não se trata de perdoar as pessoas por elas terem defeitos - não nesse sentido literal, ao menos. Tem muito mais a ver com construir parcerias do que com autosatisfazer necessidades. O tão-dito e pouco-praticado aceitar as pessoas pede entendê-las ( sem aquele falso espírito de nobreza que apontaria como sugestão fazer o possível para ajudá-las ) e quem sabe até a honestidade de se desfazer um pouco do personagem máster que cada um cria para si e se mostrar um pouco mais naturalmente. Sim, para os outros, aqueles escolhidos a dedo com quem você verdadeiramente sintoniza. Mas, antes, a começar por si próprio.

Reconhecer-se em sua humanidade - de quem tem insegurança, de quem precisa de atenção, de quem quer ter alguém em quem confiar cegamente, de compartilhar, seja o café do fim do dia ou as divagações sobre a vida, de quem quer dizer que gosta e precisa ouvir que é gostado de volta - pode ser um jeito de aplacar essa necessidade de dominância que costuma pautar os relacionamentos. Quem sabe percebendo todos não como iguais, mas como diferentes, sem superiores ou inferiores, seja mais fácil harmonizar isso que nos acompanha todos os dias.

21 setembro 2009

O silêncio

Pode ser de vários tipos, mas geralmente é de uma mistura deles. Esse, de agora, traz um pouco de introspecção, porque tem algumas novidades precisando ser elaboradas. Umas boas, outras antigas dúvidas e agonias, companheiras de há muito, que vão desbotando devagar, cansadas pelo todo dia. É de parar e organizar em linhas, quando estiver maduro.

Pode ser também a tradução de uma certa tranquilidade, um tipo de conforto pela não ausência de. É quando, então, fica tudo mais quieto por dentro, sereno. É uma sintonia fina que embala - melhor do que necessária, desejada. E não, não há nada de sintético aqui. Apenas é, e em sendo dispensa explicações.

Mas também pode ser tenso, de espera. Por um sinal de que sim, é do mesmo jeito, tem ida e tem volta. E quando vem, esse sinal, é de certeza sua percepção. Mesmo quando reticente, disfarçado, como fazem para se mostrar os sinais originalmente pensados para ser velados. Mas eles têm que vir, porque a fase da insegurança é medonha nos que desconfiam. Então, se espera por eles, aé a próxima aparição. Mas só nos casos em que vale a pena o se importar.

Pode ser de, ainda, de vazio. Quando não há muito mais o que dizer porque o pouco que havia foi se perdendo pelo caminho e o que ficou foi uma conformidade morna, uma aceitação de que talvez fosse para ser exatamente assim mesmo. Esse é o pior tipo, o silêncio que esconde aquilo que deveria ter sido dito e não foi. Porque ele é simplesmente ensurdecedor.

18 setembro 2009

this is me today

Uma senhoura rabugenta.




ra.bu.gen.to:
1 Que tem rabugem. 2 Impertinente, mal-humorado, neurastênico. sm O que é impertinente, mal-humorado ou neurastênico.

porque saber mais é sempre bom. cultura geral é o que há.

ra.bu.gem: 1 Espécie de sarna dos cães e porcos. 2 fig Impertinência, mau humor, neurastenia.

neurastenia: 1 Fraqueza do sistema nervoso. 2 Esgotamento nervoso.


17 setembro 2009

Me too!!'

Gente, olha que bem, deveríamos criar uma comunidade de gente que sofre disso!

9) Cartão vermelho pra minha dicção, porque em vez de dizer "não" quando me convidam pra beber, sair, beber, comer, beber, eu sempre falo "sim"!

Veio daqui.

14 setembro 2009

Da relatividade

Teoria da relatividade
1 Fís. Teoria muito geral, que incorpora várias teorias que têm em comum o conceito de que a compreensão dos fenômenos se faz relativamente a um referencial.

Foi então que houve mais uma virada de folhas no calendário. E do mesmo jeito que às vezes parece que foi ontem, outras parece que é desde sempre. Especialmente no que é reticente. Aguardo, ainda, a chegada dela. De qualquer uma delas:

Certeza: (ê) sf (certo+eza) 1 Qualidade do que é certo. 2 Convicção do espírito de que uma coisa é tal qual ele a concebe. C. empírica: a que se baseia na experiência individual ou universal. C. física: a que é baseada no testemunho dos sentidos. C. matemática: a que se baseia nas relações dos números ou quantidades. C. metafísica: a que é baseada na essência das coisas. C. mista: a que se baseia na experiência e na razão. C. moral: a que é baseada nos ditames do coração e no testemunho da consciência. C. racional: a que se baseia nos princípios da razão.

Embora saiba se tratar de uma utopia, ópio para os ditos tolos, não consigo deixar de não invejar a tranquilidade dos que satisfazem com as parcas orientações deixadas ao acaso pelo caminho. Ou a capacidade de ver nelas pontos de guia ao invés de interrogação. E não há química que desfaça a reação dessa arrogância que nos une nessa percepção (pseudo ou não) de estar um passo acima, ou à frente.


O que transborda na receita é uma dose bem grande de narcisismo, que só encobre um pedido ainda maior por atenção. Um pode ser nobre em dar. Mas, como é par na essência, não o faz sem esperar pelo menos o reconhecimento em troca. Aos egos que precisam ser satisfeitos sempre, não importa de qual modo, em via de mão dupla, para que a cumplicidade perdure.

08 setembro 2009

Composição

O que um é, senão o resultado inexato de uma leva de suposições e escolhas às cegas, um misto de interrogações forjado no meio termo entre a vontade e a inconsciência, consentida ou não?

Como você gostaria que os outros te percebessem é como eles realmente te percebem? Essa imagem é quem de fato você é? Você é quem gostaria de ser? Você conseguiu se construir como queria? Em que coluna você fica?

Uma ideia, porque as certezas e as respostas são peculiaridades de momentos muito menos glamourosos, é que isso depende muito do que cada um prefere ser. Do que cada um gostaria de ser. Do que cada um gostaria de parecer ser. O que você significa pras pessoas? É isso que você quer? Até que ponto você se importa e com quem? O que você evoca?

- Alguém apaixonante ou alguém por quem se é indiferente.

- Companhia ou confidente.

- Irresistível ou inevitável.

- Modelo ou inspiração.

- Consolo ou alicerce.

- Primeira opção ou indispensável.

- Especial ou insubstituível.

- O melhor ou o que todos querem por perto.

- O último que sai ou aquele cuja chegada se aguarda.

- O que entende tudo ou o que antecipa o pensamento.

- A surpresa ou a certeza.


... do abstrato ...

31 agosto 2009

Scars

Tava aqui pensando - na verdade fazendo um texto, mas aí abriu-se no cérebro, tal qual um pop-up, a seguinte proposição: gente, claro né. pudera eu ser tão esquisita, devo ser a criança mais traumatizada do universo inteiro. veja:

- na escolhinha maternal, eu gostava mais de brincar com os meninos do que com as meninas. e tinha uma professora que me forçava sempre a ir brincar com as meninas e eu odiava muito. mas tinha que ir. e ficava sempre um silêncio tétrico (tudo tem uma origem, sacou).

- minha mãe me forçava a ir pra aula com o cabelo preso em forma de rabo-de-cavalo. e eu tinha vergonha. então passava o recreio inteiro escondida, tentando soltar, mas com medo que alguém visse. não soltava e nem brincava.

- na pré-escola, sofri uma lavagem cerebral tão grande sobre a importância de cuidar bem das minhas coisas que eu pedia pra professora pra ir pro recreio com a mochila. pra poder cuidar das coisas e, caso a porta da sala de aula ficasse trancada pra sempre (?!), eu pelo menos teria meu material.

- uma vez uma colega de aula me ligou convidando pra brincar. eu não queria e disse que estava cansada. foi a primeira vez que lembro com clareza de ser mortalmente criticada por meus pais. dali por diante, todo meu comportamento social foi permanentemente martirizado por eles, pra todo sempre, amém. Exemplos de frases mais ouvidas: tu sempre pega os grupos com as pessoas mais esquisitas, tu não consegue achar um grupo melhor?. Tu abre as pernas muito pouco na hora de correr, por isso não ganha nunca. Tu fala muito rápido, não dá pra entender nada. Tu tem as pernas muito grossas, vou te levar passar elas num torno. E o baile segue nesse ritmo mais ou menos até: tu não acha que conseguiria fazer algo melhor como medicina? Aí então eu simplesmente parei de ouvir.

- aí depois na adolescência, cresci com uma mãe eternamente deprimida e chapada de remédios pra dormir, e um pai, igualmente chapado - só que de cachaça -, que também dormia eternamente - só que pelado e debaixo do chuveiro. Aí então era de um lado 'teu pai não vale nada' e do outro 'não aguento mais tua mãe'. Cresça sã com um contexto desses.

- com já quase cem anos de idade, quando por descuido fica uma embalagem fechada de preservativo em algum lugar visível da casa onde eu estava morando sozinha, às vezes na companhia do primeiro e único namorado bíblico na vida. Pai diz: "o que está acontecendo contigo? quer que as pessoas comecem a te chamar de puta por aí? tu não pensa antes de agir? não vê que esse cara só deve estar querendo se aproveitar de ti? ou tu acha que ele vai querer alguma coisa com uma vagabunda que sai indo pra cama com qualquer um? Tua mãe não era assim."

É meio engraçado lendo assim, até, né. Pelo ridículo das situações. E embora eu não consiga bem formular uma conclusão disso tudo - ou do motivo pelo qual apareceu de escrever isso - pode ser que sejam essas as facetas que um dia vão nos permitir ter uma outra visão das coisas. Mais paciente e mais compreensiva, talvez. Mais bruta e recohida, quem sabe.
E vai ficar assim, pela metade, por que não sei mais além disso - a elaborar ainda.

Check list da semana

Vamos lá, né, como pede uma boa segunda-feira, abrir os portões da utopia e montar uma lista - que sou viciadinha numa boa listagem -, de coisas que eu gostaria de fazer essa semana:

- sentar na área de casa, com boa companhia, boas garrafas, e passar a noite recostada jogando papo fora, falando sobre tudo e sobre nada, sobre todos e sobre ninguém. e ficando em silêncio, que é quando se diz o que falta.

- desligar o cérebro em uma boate mega cheia, ouvindo música techno no máximo do volume e perder a noção da realidade no empurra-empurra de uma pista de dança lotada pra sempre.

- passar uma tarde de domingo na grama, lendo na sombra e cochilando todas as vezes que tivesse vontade.

- receber pessoas em casa para um belo jantar, porque ms. Dalloway está morrendo pra dar uma escapadinha e comprar as flores ela mesma.

- matar uma madrugada no peito e começar o dia seguinte zerada de pendências.

Ópio, em qualquer formato, vicia, né.

28 agosto 2009

Pare. Olhe. Escute.

É das placas de sinalização nas ferrovias, anunciando a possibilidade da passagem de um trem (a mente tem caminhos tortuosos, não?!) que parte o argumento elucidativo / explicativo do post anterior. Porque assim. Discernir é top, é máster.

dis.cer.nir vtd 1 Ver distintamente; discriminar, distinguir, conhecer: vtd 2 Avaliar bem; apreciar, medir: vtd 3 Estabelecer diferença entre; distinguir, separar. 4 Apreciar, julgar: Só se usa nas terceiras pessoas (sobre defectivos).

Aqueles que têm essa capacidade precisam conviver com a dor e a delícia de. Uma vez que se alcance tal estado de consciência, o regresso é impossível. Só resta o próximo passo, que é o exercício da tolerância e da paciência. Respeitar o ritmo e o limite de cada um é algo nobre e que fica lin-do na teoria, mas na prática exige O auto-controle. Porque se algo é tão claro e óbvio para um, como pode ser completamente despercebido pelo outro?!

Todo filme de super-herói tem aquele momento Peter Parker: 'com um grande poder, vem uma grande responsabilidade'. Então que se você tem uma percepção capaz de ir um pouco além do que a das pessoas ao seu redor, cabe de complemento a tarefa de saber lidar com isso valendo-se de uma certa humildadezinha. Básica que seja.

E a boa da vez é a liçaozinha que aparece naquelas plaquetas alaranjadas em forma de xis. Pare. Olhe. Escute - as pessoas. E só depois que terminar o cortejo das particularidades alheias você cruza os trilhos em segurança.

27 agosto 2009

Momento Semente

‘Quando conhecer alguém melhor do que você, dirija seus pensamentos para tornar-se igual a essa pessoa. Quando conhecer alguém tão bom quanto você, olhe para dentro e examine a si próprio’.

Quarta-feira tardia

Porque eu tenho uma implicância mortal com as quartas-feiras. A de ontem disfarçou-se de dia comum - mas era mentira, golpe, armação, porque ela só estava prospectando consequências negativas para o dia seguinte.

Então me ocorreu na memória que as quartas-feiras podem ser traduzidas assim:



... alguém tem uma neosaldina ae ...

26 agosto 2009

Colo

E então eu fiquei doente ontem à noite. Aliás, durante toda a noite. Pensei que a Morte tivesse assumido a forma de um fígado em crise e quisesse, assim, me torturar lenta e dolorosamente de dentro para fora, até a hora do fim. Sofri horrores com uma multiplicidade infinita de mal-estar em níveis até então desconhecidos.
Só encontrei sossego trocando o abraço do vaso pelo colo da mami. Precisei que ela saísse da cama e me embalasse até me fazer dormir. E foi só assim que eu consegui sobreviver. Porque a explicação para isso funcionar sempre deve ter algo de mágico e instintivo, tipo Lei do Universo - e uma das cláusulas deve ser mais ou menos assim: "e, em troca, usarás de bom grado todos os presentes que dela receber". Oh well. Plataforma pode não ser tão fashion, mas uns apliques da boa e velha consideração ainda devem estar na moda em algum lugar.

24 agosto 2009

Eu li um livro

Pois então era fim da tarde quando eu sentei no sofá e li um livro. Inteiro, do começo ao fim, sem pausas. Era de poucas páginas, a publicação, mas suficientes para promover a realização. Não consigo lembrar a última vez em que havia feito isso e por essa razão tenho uma pilha de obras começadas e abandonadas pelo caminho. Poderia aqui escrever, em complemento: "como muitos sonhos e projetos que foram se perdendo topada após topada". Mas quem precisa de conformismo, anyway. Um pouco mais do mesmo? Não.

Auto-piedade pode ser tão devastadora quanto a auto-cobrança implacável. Se a retórica é mansa e desce fácil, mais interessante ainda é descobrir-se ciente. Pertinente é a serenidade. Se não aquela do equilíbrio comedido, que certamente não é perfil de todos, a do conseguir perceber com clareza. Porque as vezes tudo o que precisa é dar um passo para trás e contemplar.

**

Ademais (oi?! não sei de onde surgiu essa), faz já um tempo que preciso postar sobre algo mas invariavelmente resvalo na obviedade. Pois que então resumo em 'férias'. Veio em forma de uma onda de distanciamento que permitu ponderar. Não que o ímpeto tenha arrefecido, porque a intempestividade é uma condição eterna, o mito de Sísifo traduzido em algo que simplesmente se precisa aprender a conviver com. Porque não se pode abrir mão da essência em detrimento de uma pretensa sensação de comodidade. Mas um não precisa encarnar a tormenta como coroa todo o tempo, o pleno domínio de si é absoluto e de qualquer outro jeito se aniquila o exercício de abstrair e introspectar.

**
The chosen one: A hora da estrela, Clarice Lispector. De uma brutalidade rasgante sobre a medonha condição humana que, sim, existe em todos nós.

19 agosto 2009

Leitura recomendada

De novo, aqui.

.

18 agosto 2009

Fear

Se você é do meu time - daqueles que sabem calcular apenas o suficiente para sobreviver no sistema decimal porque a muito custo decoraram os números de zero a dez - vai morrer de medo vendo o que a matemática bem aplicada é capaz de fazer (sim, porque quando a pessoa não encontra uma explicação racional para algo, justifica com um argumento abstrato, como a existência da matemática, por exemplo).

Testem:

17 agosto 2009

Globalização

Você percebe que vive em um mundo de hiperlinks quando:

Num fim de semana viaja até 1875 e finge ser um imigrante italiano, sentando à mesa para comer queijo, salame, pão caseiro e todos os tipo imagináveis de iguarias típicas da região, em uma casa de madeira, à beira do fogão à lenha.

Dias depois, você está no oriente, aprendendo a manusear aqueles tais pauzinhos para comer peixe cru pincelado com temperos inexistentes na cultura deste hemisfério.

E, mais tarde, você está disfarçado de classe média, assando salsichão no espeto, no domingo de meio dia, nos fundos de casa, e colocando a mesa enquanto o marido entra em casa com a travessa do churrasco, como todo e qualquer bom casal suburbano.

Turnê Imagem&Ação, em São Pedro,
no embaldo de 'Mérica, 'Mérica

12 agosto 2009

Ode ao novo

Sempre se recebe no e-mail aquelas mensagens pseudo-queridinhas recomendando que a pessoa aprenda coisas novas, faça pelo menos uma viagem diferente por ano, experimente sabores exóticos, entre em contato com sua espiritualidade e etc. Como se fosse esse o segredo da felicidade. Ou o sentido da vida. Penso que, de tempos em tempos, seja válido a pessoa investir nesse tipo de experimentação. Nem que seja para ter o que postar sobre.

Adepta da otimização que sou, matei tudo isso na noite de ontem. No meio de um evento tão divertido quanto brincar com uma unha encravada, surgiu a ideia de se aventurar pelo mundo. Get the picture: era noite. numa cidade que não se conhece. num lugar cujo nome não se sabe. Num contexto assim, qual a única possibilidade: sair pelas ruas até chegar à rodoviária, obviamente.

Numa simulação de mochilão por algum país de fala eslovena, conheceu-se a pouca hospitalidade da atendente de bomboniere que se negou a trocar o canal da televisão. 'Prefiro olhar o doze', praguejou a bisca - e quase teve seu estoque de salgadinho roubado, em retaliação. Ora bolas, isso é jeito de tratar os turistas? A máxima que 'o cliente sempre tem razão' não deve ter chegado por lá.

Na segurança oferecida pelas portas de uma boa e velha van, foi o momento de experimentar sensorialmente o couro. Uma amostra de couro, aquele de fazer jaqueta e sapato. Só que tingida como se fosse chicletes. Enough said.

Para manter a linha temática da noite, comeu-se carne. De gado, claro. Um boi inteiro, para ser mais precisa. Com as necessidades do corpo satisfeitas, veio a revelação. Madre Teresa de Calcutá assumiu as formas de um casaco casualmente pendurado no assento do motorista e, com seu semblante de dor, veio nos acompanhando no trajeto de volta para casa.

Talvez a expressão de sofrimento fosse porque também ela queria lembrar o que se havia dito ser fundamental procurar no gugou. Porque o aprendizado surge nos momentos mais bizarros e as curiosidades precisam ser satisfeitas, sempre. Afinal, é algo diferencial saber que uma vitoria-regia consegue sustentar sobre a água um peso de até 40 kg.

Noites 'programa de índio' estimulam a criatividade. Superar desafios é o que há.

10 agosto 2009

Para uma boa segunda-feira

Não gosto de música. Sabe-se que não. Por isso, quando eu me remeto a letras de música para resumir a expressão da situação é porque realmente as coisas não estão exatamente bem.

A música do momento é a desse clip aqui.

E a letra está aqui.

Alguém me aponta quem é o gerente dessa encrenca porque quero pedir meu dinheiro de volta. Não era esse show que eu queria ver. Não era assim que muitas das coisas estavam planejadas para ser. Quando é que tudo aquilo que estava na propaganda vai começar a passar mesmo, hein?

Porque, se o espetáculo era esse, não quero mais assistir. Não foi esse o ingresso que eu comprei lá no começo. Levanta a mão aí quem mais sabe como é o pânico de se sentir perdido no meio de um monte de coisas que parecem fora de ordem, menores do que deveriam, mais vazias do que prometiam.

Se vierem me dizer que a responsabilidade de encenar atos diferentes é minha não quero ouvir. Não é a hora. Cada um com seus ciclos e são cinco os estágios de passagem em um processo interno. Estou bem no começo do meu, patinando entre a etapa um e a etapa dois.
E, porque um bom bordão sempre cai bem, há muito pouco que possam fazer. Se, por um lado, a vibe é de ficar sozinha, deliberada e demoradamente divagando, pede também companhia - pra ficar só junto comigo - entende?

Precoce como a maioria das coisas tem sido esse ano, também meu inferno astral parece ter vindo um par de meses mais cedo. Porque essas crises existenciais sempre me acometem no fim de outubro. Espero que não perdurem até lá, ao menos.

07 agosto 2009

atenção

"O descuido é o maior obstáculo do sucesso. Você pensa em grandes realizações e esta imaginação produz grande prazer. Porém, se tal prazer for provocar descuido com os detalhes que conduziriam até lá, bem, você já entendeu..."

É. Eu ando, sim, um pouco descuidada. É, eu ando, sim, meio imaginativa. É, eu ando, sim, com a cabeça em outro lugar. Corda bamba. Meio-fio.

Às vezes você acha que pode, mas no fim o que fazem questão de te apontar é que não, você não pode.

E se você fez tudo ao errado? Todas as escolhas. Ou as que importavam. Erre uma vez entre mil acertos e por qual motivo você acha que será lembrado? Olhe na escala e descubra que você não é tudo isso. Sempre terá alguém pra mostrar quando insignificante você é. Dispensável, descartável.

É sombrio o momento em que você percebe que não existe nada além do riscar itens de uma lista. E não ouse pular uma linha.

Sobre o resto, queria dizer. Melhor, queria que dissessem. Melhor ainda, queria que fizessem. Ali, à disposição, a dianteira.

04 agosto 2009

Se essa música, se essa música fosse minha

Ser assim é uma delícia
Desse jeito como eu sou
De outro jeito dá preguiça
Sou assim, pronto e acabou

A comida de costume
Como bem e não regulo
Mas tem sempre alguns legumes
Que eu não sei como eu engulo

Quando alguém me desaponta
Paro tudo e dou um tempo
Dali a pouco eu me dou conta
Que ninguém é cem por cento
Seja um príncipe ou um sapo
Seja um bicho ou uma pessoa
Até mesmo um pé de nabo
Tem alguma coisa boa

Brincadeira, choradeira
Pra quem vive uma vida inteira
Mentirinha, falsidade
Pra quem vive só pela metade

Pé de nabo, Sandra Paes

02 agosto 2009

Say it again

Embora seja de silêncio, o momento, existe uma necessidade de dizer. De dizer que dessa vez há uma diferença. Muito sobre ciclos já foi escrito - e a vontade de rever essas impressões aparece cada vez que um novo se anuncia. Porque, por mais recorrentes que sejam, e por mais que se passe por eles, cada um é diferente.

Aquele de antes parece que assumiu novas formas - deixou os tons de carmim para aplacar com nuance mais blase. Porque outras perspectivas vieram nesse palco. Ou ressurgiram, como queiram. Porque é próprio das pessoas isso de associar as transições, as mudanças e as guinadas a algum elemento externo.

Tanto faz, amuletos ou muletas - porque estou para os trocadilhos bobos hoje. Então que é assim, com esses elementos, mais fácil de se justificar, de se encorajar, de assumir, de alegar, de mudar, de retomar. Entenda: tudo aquilo que a gente pode dizer que faz a diferença - internamente -, porque cada um é o único agende possível para sua mudança. Aquilo que faltava.

Algo fez a diferença. Remexeu as águas internas. Fez o vendaval. Promoveu o despertar. Claro, porque se permitiu que. Conscientemente. Agora é chegado o tempo de ponderar e amadurecer o que se rascunhará de conclusão. Nem tanto a nenhum dos extremos, porque os quero a ambos, e para conjuga-los é preciso comedir.

E esse momento bom vem com o bônus - ou ônus, enfim, os dois lados, cara e coroa - de um rompante em busca de outro equilíbrio. Reabilite-se.

Eu disse que havia uma diferença.

30 julho 2009

Tempo

Sabidamente, não são os presentes caros dados, as festanças pagas ou os bens comprados que tornam uma pessoa significativa para outra. Tampouco são gestos assim que demonstram o tamanho do gostar. Se fosse assim, muito fácil ter e ser estimado.

Talvez hoje a melhor forma que um tem para mostrar que se importa com outro é lhe oferecendo seu tempo. Tempo de escutar o que precisa ser dito. Tempo de falar o que precisa ser ouvido. Tempo de ficar em silêncio. Tempo para ficar junto, seja lá como e pra quê for.

Pode ser que nesse momemto hiperbólico, hipercibernético, hiperfrenético que se vive a medida das coisas seja essa. Quanto tempo você reserva para algo é a definição do quanto isso é importante para você. Para o que você dedica seu tempo? Para quem você dedica o seu tempo?

Se você for o motivo pelo qual alguém pára o relógio, lembre de dizer um muito obrigado. Em tempo.

28 julho 2009

Porque eu sou máster

São em dias como o de hoje que tenho a certeza de ter optado pelo caminho errado. Deveria ter prestado mais atenção àquela voz interior que dizia 'o negócio é ser freira'. Cisterciana, pra evitar problemas. Porque chega uma hora em que é morbidamente penoso o perceber-se sempre na companhia da frustração.

Vê-se claramente nessas ocasiões que um é máster em errar o tom - falando ou não. Já deveria ter acumulado golpes suficientes para perceber que não importa o quanto você faça ou quanto duro você tente. Não faz diferença alguma. No fim, o que fica é o que não se conseguiu. Encha um saco com todas as vezes que suas espectativas falharam e ali está o produto do seu esforço. Simplesmente indiferente.

Então você olha e só consegue perceber aquele encenação de sinceridade soando como migalhas desbotadas. Não há nada de verdadeiro que se possa alcançar e a displicência é uma constante que você precisa aprender a suportar. Sozinho. Porque é assim que se está.
Não espere que. Não há caminho.

Certos silêncios são insustentavéis. Certas cisões são irremediáveis. Certos abismos são intransponíveis. Certos danos são irrecuperáveis. Certas mágoas são inevitáveis até o momento em que você deixa de se importar. Certos dias são aqueles em que a gente decide ir.



Li, combinou e plagiei daqui: Não, eu não sou insensível. O meu problema é que sinto demais, e aí tudo sai atrapalhado.

25 julho 2009

Tell me more

O dia era da tequila, mas a festa foi do espumante. Tudo meio assim de repente - poderia até arriscar que obra do acaso, que armou um cenário perfeito para que todos pudessem, providencialmente, estarem juntos, no mesmo lugar, fazendo praticamente a mesma coisa. E, todo mundo sabe, contra o Cosmos não há nada que se possa fazer.


Tampouco há muito que se possa fazer para fugir
de um hábito majoritário de nossa região: comer. Onde mais poderia exisitir uma festa em que as pessoas pagam apenas para comer?! Não há nada para ver ou fazer além de comer.
Get the picture: você compra o ingresso, entra em um grande salão e recebe um garfo e um copo. Depois, começa a andar em círculos, passando pelas barranquinhas dos expositores, espetando comidas mil e tomando bebidas mil, num ciclo que só terá fim quando for humanamente impossível ingerir qualquer coisa sólida ou líquida.



Nessa convenção regional de glutões, você consegue claramente distinguir dois grupos de pessoas (ok, três se for criar a categoria dos que não são beijados na boca e fazem a reivindicação publicamente):

- Grupo 1: os comedidos. São os que vão a um tipo de evento desses e comem e bebem - se não moderadamente, que é impossível no contexto - dentro de um limite de normalidade. Eles experimentam vários tipos de pestiscos, bem talvez no máximo até ficarem alegres e vão para casa com seus estômagos cheios.

- Grupo 2: aqueles que não tem noção de limite. São as pessoas que trabalham com metas absurdas do tipo: beberemos X número de taças e só iremos embora depois que o primeiro for no banheiro expelir o fígado pela boca. Nessa leva estão aqueles desprovidos do hormônio que regula o senso de 'meio termo'. Para eles, só o extremo vale. Eles conduzem as experiências quase sempre ao limite e só aceitam o excesso como processo catártico.

Registro do estudo in loco dia 24 de julho, em Carlos Barbosa.

24 julho 2009

Do que se ouve por aí

- Tu é meia panca né?!
- (silêncio) ... é .. sim, um pouco .. mas por que ...?
- é que tu também parece ser viciada em adrenalina ... eu sei como é porque comigo também é assim ..
- todo mundo é viciado em adrenalina, não é?!
- só que tu busca a tua no tipo de trabalho que tu faz.

resposta que teria sido a ideal:
"- Não é bem assim, eu também sou viciada em açúcar. Como horrores. Acabo de vir de um buffet de sorvete e me servi meio quilo de brigadeiro com leite condensado, depois fiquei babando na mesma como o homer simpson. Além de viciada em adrenalina, eu me chapo com doce."

pena que o episódio 'overdose' veio só no fim do dia.

pra evitar que isso ocorra novamente, hoje comecei o estímulo à liberação de serotonina as nove e meia da manhã.

22 julho 2009

Déjà vu

Recebi essa foto no e-mail com o título 'insatisfeito com seu trabalho?' e logo que abri tive um déjà vu da situação. Acho que já passei por dias assim na vida:


vocês não!?

21 julho 2009

Trevas

Se precisasse definir em uma só palavra tudo o que era, a primeira que viria à menta seria confusão. E, de imediato, com ela a certeza da escolha errada. Não era confusão o que havia. Porque o que havia era ciência sobre as intenções, certeza do que desagradara e conhecimento sobre o ponto em que as reações eram geralmente falhas. Desorientação, talvez? Tampouco, embora fosse relativamente novo, no contexto. Quem sabe pudesse resumir como uma sensação de incômodo. O receio de que o filme dos abismos pudesse rodar também naquela tela.

Era preciso, mais do que abrir a porta e deixar entrar, à obra do acaso, estender a mão e chamar para dentro. Naquela dança sob os leques, tão importante quanto dar o primeiro passo era perceber a correspondência do segundo.
O passado inoportunamente não compartilhado jamais poderia ser recuperado. Mas isso não significa, necessariamente, que devesse comprometer todo um resto por vir. Mais tolerância, menos resistência. Qual a fórmula ante essa impressão de falta de sensibilidade? Se um dia após o outro sempre é tido como o melhor remédio, quem sabe, finalmente, viria o aceno.

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20 julho 2009

Dia do Amigo

Aos meus caríssimos:



E o momento biscoito da sorte do dia: Deixe os amigos perceberem quanto você gosta deles. Ao notarem isso, terão a mesma consideração por você.

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18 julho 2009

Fiasco no almoço

Era para ser um almoço normal, na linha 'tenha bons momentos com seus amigos'. Foi isso que pensei quando chegamos ao restaurante de sempre, e fomos recebidos pelo proprietário de sempre, que, como sempre, nos conduziu à mesa onde nos aguardavam os companheiros de refeição - os de sempre.

Pois quando iniciamos o ritual de provação que é montar um prato saudável num buffet que percebi algo errado - a primeira opção (mesmo, ali, junto com as saladas, antes da alface até) eram morangos do tamanho da lua banhados em chocolate. 'Isso, até o fim do buffet, não vai acabar bem' - foi o que pensei ao me abastecer da tão apetitosa surpresa - e confirmei ao me aspergir de pimenta enquanto temperava o resto do pasto logo adiante.

Na hora de pesar o prato, sem surpesa - 10 reais. E isso que não tinha pego carne, nem massa, nem arroz nem nada. Só vegetais (e fritas, ok, porque ninguém é de ferro). Ser saudável custa caro.

Ok, começamos a comer, papo vai, papo vem e, com o cruzar dos talheres, veio uma sensação coletiva de vazio. 'Bah, faltou mais uma linguicinha. Pega lá'? Essa foi a frase fatal. Aí descobrimos que um dos quatro havia gasto mais de R$ 12,00 em seu prato - o que libera, automaticamente, o buffet livre. Preciso detalhar o estrago?! Reprise 1: prato de linguicinha. Reprise 2: prato de fritas. Reprise 3: prato de morangos com chocolate.

Depois de:
a) expulsarmos todos os vizinhos de mesa com nosso escândalo;
b) passar a impressão de que estávamos os quatro com larica;
c) concentrar todos os olhares tortos que é possível um grupo receber de estranhos

decidimos parar com o argumento 'tá no livre do gil' e comer a sobremesa de uma vez, porque quando vários garçons formam um bolinho, começam a apontar pra tua mesa e rir convulsivamente quer dizer que chega,né.

A nosso favor: existe uma pesquisa que mostra que no sábado as pessoas comem 30% a mais nos restaurantes de buffet. Então, juntamos todos os sábados que já fomos nesse restaurante nos últimos dois anos e concentramos o percentual de excesso no dia de hoje. Sabe, otimizar é preciso.
A nosso favor II: oportunidades não podem ser desperdiçadas quando aparecem, não é?! Não é todo dia que existe uma comanda na mesa com buffet liberado.

Definitivamente aquele papo de meio termo não rola aqui. A partir de segunda-feira, só alface e chá verde. Ou jejum total. Dependendo de como for o resto do fim de semana. A ver.

17 julho 2009

Além

De insônia, a madrugada. Sabia ser de suspiros, o dia. Cada um seguido por outro mais profundo, como que tentando aliviar a opressão do peito, do âmago. Tinha dúvidas. Questionava como fazer entender o sim sem resvalar no óbvio e cair no lugar comum dos que não cativam. Mas antes titubeava, ainda em pensamento, sequer lá habitavam as certezas. Seriam as então tentativas de insinuação apenas passos em falso? Porque às vezes fazia isso, de mal interpretar os sinais. Ou seriam todas por de menos claras? Porque às vezes fazia isso, de esperar a adivinhação plena. Não sabia. E em não saber, esperava. E, enquanto esperava, torcia. Por um silêncio a ser compreendido.

16 julho 2009

Sem lugar

Porque às vezes tudo parece vazio e causa aquela impressão de sem propósito. Inútil. Tempo perdido. Esforço em vão. É um azedo ranso que pinta a percepção com sombras e confunde as ideias com reticências. Áspero. Dos momentos onde todo o resto se percebe tragado por um buraco negro e o que sobra é uma indiferença pálida e silenciosa. E não, não há uma perspectiva de futuro com estrada de tijolos dourados pela frente.


Não muito a ver, mas para ler: aqui.

14 julho 2009

Obviamente, bizarro

Encontros do Conselho são bizarros. Obviamente, encontros do Conselho são bizarros. Embora não com sua formação na íntegra ou original, o Conselho cumpriu, mais uma vez, sua sábia missão de guru didático e ensinou uma lição para a vida toda: não se pode colocar o pé na cadeira. O resto todo tá valendo.

Então, divida uma folha em duas colunas e vamos fazer o exercício de marcar pra ver se todos entenderam:

1- Fazer amizades com Kelly, a moça dos drinks, para conseguir doses extras de tequila na bebida, que será misturada com todos os tipos de destilados existentes neste e nos próximos três universos.
(...) pode...................(...) não pode

2- Colocar o pé na cadeira.
(...) pode...................(...) não pode


3- Invadir a festa de aniversário alheia, abusar do pecado mortal da gula com doces e salgados furtados e, de quebra, encher os bolsos com frituras surrupiadas.
(...) pode...................(...) não pode


4- Colocar o pé na cadeira.
(...) pode...................(...) não pode


5- Bolinar pessoas e/ou móveis, atentando contra o pudor com a exposição das 'vergonhas'
(...) pode...................(...) não pode


6- Colocar o pé na cadeira.
(...) pode...................(...) não pode


Porque, gente (aqui incluo todos que não se fizeram presentes, conforme anunciado e/ou combinado), o Conselho também é cultura, né.

13 julho 2009

Não é sexta, mas é 13

Começar a semana com as pás viradas é o que há. Nada melhor do que uma bela

Segunda-feira: dia em que o organismo tem de, numa curta fração de tempo, reajustar seus ponteiros para voltar à labuta cotidiana.

para trazer à tona tudo que se refere ao:

Mau humor: transtorno mental que se manifesta por meio de uma rabugice que parece eterna. Lembra muito o estado de espírito do Hardy Har Har, a hiena de desenho animado famosa por viver resmungando "Oh dia, oh céu, oh vida, oh azar".

Ok, nem tanto. Mas também, esperava-se o que para um dia cujo prognóstico astral diz:

Se você prestar a devida atenção, não apenas perceberá o barulho ensurdecedor das forças trevosas, mas também o ressoar ardente e glorioso do espírito.

Sob pena de despertar a revolta cósmica e o caos eterno, nesses casos só há uma coisa que se pode fazer:

silêncio - sm (lat silentiu) 1 Ausência completa de ruídos; calada. 2 Estado de quem se cala ou se abstém de falar; recusa de falar. 3 Abstenção voluntária de falar, de pronunciar qualquer palavra ou som, de escrever, de manifestar os seus pensamentos. 4 Taciturnidade. 5 Discrição. 6 Interrupção de um ruído qualquer.



10 julho 2009

Sexta-feira

Porque manter-se acordado é preciso.

08 julho 2009

so real, oh so real

é mais ou menos assim:

"... tenta-se apenas ler as entrelinhas, que é por onde pode escapar algo verdadeiro. Por outro lado, enquanto tantos se esforçam para parecer o que não são, as pessoas consideradas sábias admitem serenamente que de nada sabem. O “não sei” passou a ser uma comovente surpresa. Os melhores filmes, as melhores peças, os melhores livros tratam sobre a nossa ignorância, não sobre a nossa genialidade."

De M.M, em ZH (08.07) - na íntegra.

delete

Não gosto das quartas-feiras - aliás, é o único dia que odeio mortalmente. O que não chega a ser uma surpresa, para quem lembrar que a quarta-feira fica no meio da semana. Essa implicância talvez seja pelo fato de a quarta-feira ter algo de determinante no sucesso ou fracasso da semana - ela culmina toda a expectativa de segunda e da terça e funciona como prólogo do desempenho da quinta e da sexta.

Pode ser uma metáfora do inconsciente sobre a fase da vida pela qual cruzo atualmente. Ou tenho cruzado - no ápice de todas as expectativas infanto-juvenis, saindo do momento pré-adulto rumo à maturidade. Porque chegaria a hora de amadurecer, eventualmente, não é?!. Com todo o peso de chumbo que essa constatação pode resumir.

Se, por um lado, não posso olhar para trás e exatamente reclamar diante de um cenário de pós-guerra, por outro tampouco posso me gabar de ter percorrido uma estrada de confetes. Resta um franzir de sobrancelhas e um suspiro do tipo 'tá, e aí, e agora, era para ser assim ou como é que fica daqui pra frente?'.

Vazio e sem resposta, insosso e opressivo, irritante e catastrófico - como só uma quarta-feira de b**ta sabe resguardar.




07 julho 2009

Dá e não dá

Nada há no passado que possa superar o que o futuro trará. Será melhor que você se desapegue o quanto antes das memórias, porque desta forma você terá mais energia e boa disposição para aceitar os desafios atuais.”

Sorry, dear, sou do tipo que fica pra todo o sempre remoendo as coisas. E, mesmo sabendo do risco de tornar-me repetitiva: não há nada que se possa fazer.

06 julho 2009

Muito demais

"É que tinha esse traço recorrente no comportamento - algo com um quê de extravagância. Temperamental-intempestivo, poderia arriscar como padrão em um ou outro caso. Embora ressentisse um pouco a falta de mais controle, era algo que não podia evitar. Simplesmente não podia evitar. Que era uma transparência excessiva quando lhe insinuavam aquilo.
Assumia um tom catedrático para falar, em metáfora, do alazão arredio e indomável - para uns - mas ginete suave para aqueles poucos que escolhia - e assim o permitia. Matáforas não eram seu forte, mas era a única forma que sabia conduzir o auto-explicar.


Com o tom grave do que se pretendem didáticos, tentava elucidar por que lhe eram tão caros aqueles a quem oferecia a confiança - e com que facilidade lhe podiam afugentar e fazer rever a guarda-baixa. Pena não o soubessem. Não o percebessem. Ou, simplesmente, não se importassem em. Não é mais forte quem se mostra menos. Nem mais corajoso quem se expõem mais. Mas de que adiantava a filosofia amadora diante do esquivar, do esgueirar, da não-contrapartida, por mais delicada que fosse.

Como se apoiava muito nas entrelinhas, procurava sempre nas alheias os significados além daqueles revelados pelos fatos. E concluia disso, muito. Certas ou não, eram essas as impressões que colhia. E baseava-se nelas para perceber quando havia se enganado na percepção que julgara correta. Investidas feitas, equívoco percebido, retirada anunciada. Era assim que seria, a menos que mostrassem o contrário."