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27 setembro 2007

tua

"Uma vez escrevi uma carta que dizia '...Toma (minhas palavras) que são tuas. Tudo teu...'. Só que era uma carta de ficção, daquelas que se escreve pelo prazer do efeito dramático que têm. Mas eu hoje escrevo de verdade: 'toma, que sou tua, toda tua.'
Sou tua porque quanto estou contigo me entrego completamente, sou só atenção, sou só você. Sou tua porque busco com sede tua expressão, porque quero te decifrar por completo, porque busco no tom da tua voz e no vazio do teu olhar o que se passa em ti. Sou tua porque me escondo na sombra se assim puder te ver brilhar. Sou tua porque se tu não está bem, nada mais está.

Sou ainda mais tua quando não estou contigo, porque aí sou tua em pensamento. Sou tua porque lembro de ti quando acordo no meio da noite, não importa onde estejas. Sou tua porque ainda anseio pela tua chegada, todas as vezes que ela se repete. Sou tua porque quero estar onde tu não está.

Sou tua e tu me tens nas mãos e não sabe. Eu jogo com a minha indiferença para que tu não o sejas comigo. Eu te afasto quando na verdade quero te aproximar. Eu uso todos os clichês contigo mas te trato como peça única. Eu te adoro pela tua doçura e te detesto pela tua acidez. Eu te adoro pela tua acidez e te detesto pela tua doçura.

Sou tua e tu nunca saberás. Sou tua e quero tu o sejas também, mas devagarinho, porque se eu for para ti como tu és para mim, eu não vou saber o que postar."

20 setembro 2007

Check

Cada um com seu bloco e lápis na mão pra assinalar um 'V' ao lado de noções que são de conhecimento geral da humanidade e se confirmam vez por outra:

- festas organizadas aos trancos e barrancos são as melhores.
- assunto gera assunto: quanto mais se fala com uma pessoa, mais se tem para falar. distanciamentos criam vácuos.
- comidas doces e comidas salgadas não pertencem ao mesmo prato, os alemães que me perdoem.
- óbvio que misturar arroz com vinho não fica bom. Aliás, arroz casa com feijão, e só, como todo mundo sabe.
- pessoas, como macacos, têm papeis definidos nos grupos a que pertecem.
- a ordem natural dos acontecimentos precisa ser respeitada: a comida só pode parecer com vômito quando sai do corpo, antes de entrar pela boca gera um certo, digamos, desconforto.
- lugares que oferecem cachaça de frutas com uma espiga de milho perdida dentro da jarra não podem ser levados a sério.
- mesmo uma bebida universal como o café tem limitações de usos. Risoto de café definitivamente não é uma boa idéia.
- se você prestar bem atenção, consegue decifrar as pessoas olhando em seus olhos quando elas não percebem.
- fotos têm o poder de maquiar fiascos.


14 setembro 2007

you learn

Algns dizem que a melhor forma de conhecer uma pessoa é dando-lhe dinheiro. Outros, que é dando poder. Eu diria que as situações de estresse também são um bom termômetro. Como uma pessoa reage quando a) está sob pressão; b) encara imprevistos; c) encara culpas e assume responsabilidades pode dizer muito sobre sua personalidade.

Há os que se emburram. E desistem.
Há os que emburram mas se mostram dispostos a encontrar soluções;
Há os que dizem 'deixa assim, paciência' e n fazem nada;
Há os que se desesperam e não fazem nada;
Há os que se desesperam e resolvem as coisas.

Isso pros dois primeiros itens. Pro terceiro o negócio é assim:
- tem gente que procura causas e não culpados. e fica protegendo as pessoas.
- tem gente que procura culpados. e são sempre os outros.
- tem gente que se faz de culpado quando na verdade acha que a culpa é dos outros.
- tem gente que tenta se fazer de culpado pra parecer bonzinho mas assim que descobrir como, mete no dos outros pra não se queimar.

A lição do episódio é uma frase de Shakespeare (ou pelo menos que a net diz ser dele, em 'Um dia você aprende'):
"E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso."

06 setembro 2007

o bom e o ótimo

O dia é daqueles em que o ar está leve, ao mesmo tempo que efervescente. A agitação é do tipo que antecipa algo de bom. Uma espectativa de que tudo pode, enfim, dar certo. E de que sim, vale a pena, sim. Nem o sol agride tampouco o calor incomoda. Hoje o dia é bom.
Sentada na cadeira, ela quase não sente vontade de se mexer, de tatear o teclado em busca das palavras, sequer de pensar. Ela só quer ficar em silêncio, introspectiva. Porque o dia é de sentir. No peito, aquele bem estar que só de vez em quando se experimenta. Aquela sensação de força e invecibilidade. É quase uma necessidade de devoção. As idéias se perdem, soltas, pensando no 'se' e correndo na direção oposta da lembrança dos dias que não são tão bons assim.
Por isso ela não quer se mexer. Pra não estragar esse momento. Porque ela sabe que é raro.