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29 setembro 2008

Make a wish, make a wish



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26 setembro 2008

Muito

Era perto das 20h30 -mas bem podia ser qualquer outro horário, porque a cena era uma daquelas que se repetia muito - e ela lembrou de policiar o pensamento. Assim, de perto, o efeito devia ser maior. Só que ela não podia se concentrar muito bem porque tinha um pouco de medo de ser descoberta. 'E se sua mente pudesse ler lida? Que constrangimento seria'. Além do que, ia matar a espontaneidade, e ela queria que fosse super espontâneo, se fosse pra ser.

De onde estava, conseguia capturar detalhes: os dedos, que eram finos, mas não afinados, do tipo que parece um obelisco, e as unhas, um pouco largas demais. Pensava que uma mão mais delicada combinasse melhor.

Via também um pouco do contorno dos olhos, que àquela luz e àquela distância, não tinha marcas. Estava particularmente bem naquele dia, embora já tivesse visto aparições incomparavelmente melhores.

Meio que sem jeito, travava um monólogo mental, repetindo sempre a mesma pergunta, com um mantra, enquanto olhava. Embora sua dedicação fosse grande, tinha uma ponta de receio do que aconteceria se não desse certo. Uma frustração tão grande capaz de romper a boa relação com o universo, sobretudo depois de tanto esforço. Era preciso que aparecesse um sinal, ou que ela conseguisse ler algum tipo de sinal.
O medo era só que tudo isso não passasse de uma perda de tempo, sem objetivo, como esse post. E não, dessa vez não é sobre um assunto recorrente.

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23 setembro 2008

Vale ler

Setembro de 2008 | ZH
MARTHA MEDEIROS

Passeio completo

Outro dia o programa Saia Justa mostrou uma reportagem sobre as bonitas e doces mulheres da Guatemala, seus hábitos e costumes. A matéria era focada em moda: elas mostravam o seu jeito de vestir, suas tranças e suas estampas. Assim que o sol desponta, essas mulheres se preparam para o dia com muitas saias e blusas coloridas, que denunciam um astral de celebração que dura de segunda a segunda. A repórter então perguntou: “E o que vocês vestem em dia de festa”? A resposta: “A mesma coisa”! No máximo, estréiam uma roupa nova, mas não diferente das que costumam usar em suas tarefas cotidianas.

Isso me fez lembrar de uma teoria que eu defendo e que não sei se serve apenas para mim ou se as companheiras concordam: em dia de festa, nunca ficamos tão bonitas quanto no dia-a-dia.

Quando eu chego numa festa, geralmente penso: que trabalhão deu para cada uma de nós se enfeiar. A maquiagem é demais. A base no rosto envelhece. O brilho é vulgar. O salto nos deixa capengas. Há excesso de adereços. Todas olhando pro celular para ver que horas são (mulher quase nunca usa relógio de pulso em festa), contando os minutos para voltar pra casa, passar um demaquilante no rosto, colocar uma pantufinha nos pés e cair na cama para, no dia seguinte, aí sim, vestir um jeans, uma camisa branca, amarrar uma echarpe em volta do pescoço, passar um blush e voltar a ser uma mulher sensacional.

Rituais, essa praga. Me convidem para uma balada mais chique e entro automaticamente no meu inferno astral. Missão: montar um personagem e deixar de ser eu mesma. Pronta para a guerra, me olho no espelho e pergunto: quem é essa vestindo uma peça de roupa que ainda não foi totalmente paga e que daria tudo para estar com a mesma camiseta que vestia à tarde?

Não que eu seja uma vítima da moda. Em dia de festa, tomo banho e coloco uma roupa nova, ao estilo guatemalteco, mas é preciso seguir as regras da sociedade, que é carrasca: não posso ir de qualquer jeito num casamento, usar um vestidinho de algodão num jantar cerimonioso, vestir bermuda na hora de percorrer um tapete vermelho.

Tapete vermelho: de onde tirei isso? Baixou Hollywood na crônica. Mas serve como metáfora. Estique um tapete vermelho em frente a qualquer mulher e ela arriscará um penteado que a envelhecerá 10 anos, passará um batom escarlate que a deixará igual a uma dona de inferninho, usará uma bolsa minúscula em que não caberá nem a chave de casa e se atreverá a usar uma cor inusual que afugentará qualquer candidato a marido – mas ela já tem o seu garantido, lógico. E o coitado ainda será obrigado a dizer “você está linda”, torcendo para que aquela estranha seja mesmo a mulher dele.

O mesmo tipo de roupa para o dia, o mesmo tipo de roupa para a noite e o mesmo para festas - isso sim é personalidade e estilo. Um dia quero ser moderna como as camponesas da Guatemala.

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22 setembro 2008

sobre sonhos

Você pode me chamar de amarga ou de pessimista, mas a verdade é que eu sempre tive um quê contra sonhos. Sempre me causou um pouco de irritação ouvir alguém dizer: meu sonho é tal. Não gosto quando as pessoas ficam sonhando seus sonhos e não fazem por merecer sua realização. Se você sabe seu sonho, vá lá e o alcance. Sem corpo mole (ok, se a pessoa tem uma doença pra qual não se conhece a cura ela pode dizer “meu sonho é que se descubra a cura” – mas em nenhuma outra situação isso vale).

Isso porque o difícil na história é SABER o que realmente se quer. Uma vez que você venceu essa etapa de confusão mental, ora, mãos à obra. Respeito muito quem vive a indecisão, porque isso é algo que rouba tempo e poucas vezes um tem o poder de resolver a questão tão rápido quanto gostaria. Mas quem tem as certezas e não age me causa um certo desprezo. A apatia me incomoda.

Se você realmente tem um sonho, vai pensar em todas as estratégias que precisa seguir para alcançá-lo e vai cumpri-las com uma disciplina franciscana. Todas as noites você vai deitar dez minutos antes e ficar imaginando como vai ser conquistá-lo. Você vai dominar os seus impulsos e se comportar exclusivamente pra conseguir o que quer. Se você não estiver focado quase ao ponto da obsessão, então desculpe, não era um sonho. Era uma desculpa pra fugir do real sonho.

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18 setembro 2008

Linhas

Depois das retas e das curvas, as linhas:

Existe uma linha muito fina entre ser 'não-óbvio' e ser 'sem-noção'. E ela passa pela loja onde vende o bom-senso.


Em tempo: contagem regressiva para o início do inferno astral já, já.

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16 setembro 2008

][

Tem vezes que só o que um quer é um abraço - não daqueles breves, de um oi, mas do tipo que faz soltar o suspiro que estava preso no peito.

09 setembro 2008

Da infância


Minha época de infância na escola tem uma meia dúzia de lembranças que eu pra sempre vou citar aqui. É algo como a expressão 'ciclos de vida' nos tempos de faculdade.

A história-em-tons-de-sépia de hoje traz um texto apresentado numa aula de Leitura e Interpretação (quem mais estudou em 1915?). Bom, o conteúdo eu não lembro bem, mas a interpretação que a professora fez era de uma estrada - e as retas e as curvas. As retas são seguras, calmas e previsíveis, a gente enxerga direitinho tudo o que está por vir, mesmo que lá ao longe, muito longe. As curvas trazem ansiedade porque a gente nunca pode saber com certeza o que elas escondem depois de contornadas. Tem que virar pra ver.

Agora, estou andando em um estrada reta, mas ao longe (embora não tão longe que não possa ser identificada em um calendário) eu vejo que se desenha uma curva, e não uma curva qualquer, mas daquelas muito acentuadas, que te tiram o fôlego - e por isso que eu já estou começando a ofegar.


04 setembro 2008

Not going to


Não vou ao show da Madonna no Brasil. Não consegui nem tentar comprar os ingressos. E se é pra ver de arquibancada .. well .. fuck of. Pena, porque deve ser o último que ela faz em vida por aqui. Quer dizer que vou morrer sem ver um show dela ao vivo. Eu não sou uma pessoa que tem ídolos (quem começou a pensar nas minhas obsessões, de novo: fuck of). Fã, só fui dela, na adolescência. Shows, não curto. Só me abalaria até SP pro dela. Imaginem a frustração.

Eu tenho várias frustrações em nível surreal de realização. Queria ser freira, mas e se quisesse ter filhos, ficaria como? Entre escolher uma frustração e outra, larguei o hábito – mas super passaria seis meses em um convento, just in case de ser minha true calling.

Depois, queria ser veterinária, mas morria de medo de atender, sei lá, um tubarão, e ele me morder. Não, o negócio era algo do tipo ‘Como vacinar um doberman?’ Desisti. Mas mantenho o sonho de ter um mini-zoo em casa. Tenho dois cachorros já. Tinha três, uma vez.

03 setembro 2008

da radio tapajós

Solidão não é a falta de gente pra conversar, namorar, passear... isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... isto é saudade.
Solidão não é um retiro voluntário que a gente se impõe, as vezes, para realinhar os pensamentos.... Isso é equilíbrio.
Tampouco é claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente, para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado tampouco a plenitude de gente a nossa volta isto é circunstância.
Solidão é muito mais que isto. Solidão é quando nos perdemos da maior e melhor amiga, as nossa maior e mais forte aliada, da nossa maior e mais completa companhia...
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos, em vão, pela nossa alma.

Isso é o sintoma da depressão – Doença que tem levado ao desânimo e à tristeza profunda milhares de pessoas. Depressão é a perda da alma, sem conexão sagrada que deve existir em nosso corpo e em nosso espírito. Solidão que nos leva ao desespero e a depressão é o rompimento entre o que temos vivido e o realmente somos; é a falta de comunicação sincera entre o que aparentamos e o que trazemos no coração. Seja coerente consigo mesmo. Aprenda a ouvir o seu coração. Faça-se as mesmas perguntas, quantas vezes forem necessárias: “O que é pra mim? “O que é certo e errado? “Quem eu sou, a respeito do que querem que eu seja”? E quando você conseguir responder a si mesmo: todas as perguntas e agir conforme as suas próprias respostas, então não será mais só, porque terá a si mesmo de verdade e por inteiro, com calma, espírito e coração.