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24 agosto 2009

Eu li um livro

Pois então era fim da tarde quando eu sentei no sofá e li um livro. Inteiro, do começo ao fim, sem pausas. Era de poucas páginas, a publicação, mas suficientes para promover a realização. Não consigo lembrar a última vez em que havia feito isso e por essa razão tenho uma pilha de obras começadas e abandonadas pelo caminho. Poderia aqui escrever, em complemento: "como muitos sonhos e projetos que foram se perdendo topada após topada". Mas quem precisa de conformismo, anyway. Um pouco mais do mesmo? Não.

Auto-piedade pode ser tão devastadora quanto a auto-cobrança implacável. Se a retórica é mansa e desce fácil, mais interessante ainda é descobrir-se ciente. Pertinente é a serenidade. Se não aquela do equilíbrio comedido, que certamente não é perfil de todos, a do conseguir perceber com clareza. Porque as vezes tudo o que precisa é dar um passo para trás e contemplar.

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Ademais (oi?! não sei de onde surgiu essa), faz já um tempo que preciso postar sobre algo mas invariavelmente resvalo na obviedade. Pois que então resumo em 'férias'. Veio em forma de uma onda de distanciamento que permitu ponderar. Não que o ímpeto tenha arrefecido, porque a intempestividade é uma condição eterna, o mito de Sísifo traduzido em algo que simplesmente se precisa aprender a conviver com. Porque não se pode abrir mão da essência em detrimento de uma pretensa sensação de comodidade. Mas um não precisa encarnar a tormenta como coroa todo o tempo, o pleno domínio de si é absoluto e de qualquer outro jeito se aniquila o exercício de abstrair e introspectar.

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The chosen one: A hora da estrela, Clarice Lispector. De uma brutalidade rasgante sobre a medonha condição humana que, sim, existe em todos nós.

1 comentários:

Pattiê, disse...

descobrir-se ciente = autoconhecimento. delicioso, não?

em tempo: corroboro com a sua opinião a respeito de "a hora da estrela".

beijos