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03 julho 2009

sobre diálogos enuviados

- Sabe. Vai ser sempre diferente. Não é tu e não sou eu. É eu-contigo.
- Pára, não fala assim. Aliás, não sei do que tu tá falando. Que foi que eu fiz?
- É muito mistério, velado. Talvez a gente se entenda melhor assim.
- Tu que fugiu. Fechou a porta.
- Melhor que tu não saiba como é e fique pensando 'pena que não deu' do que ter e se desapontar.
- Ou é porque tu realmente não quer.
- É pelo menos o dobro do que tu imagina.
- Tu é a frustração com que eu vou ter que conviver pra sempre, né?
- E tu, a fissura.

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E tinha sido assim, o irreal melhorado pela fantasia consciente. A noite era uma daquelas improváveis, com uma sala iluminada pelos tons que vinham da rua repentinamente como cenário pós-aventura. Os sentidos estavam não distorcidos, mas naquele momento aguçados talvez pelos vapores de tudo que havia perpassado pelos copos madrugada adentro. Foi uma barulho qualquer que fez sair do sofá e se postar diante da janela. Em seguinda sentiu a outra presença, vinda rapidamente de alguma peça. Ouviu o som da voz próximo, muito próximo ao seu ouvido. Queria virar, mas sabia que seria inútil. Aliás, será que queria mesmo ou imaginava que quisesse?
Virou. E percebeu o silêncio. Permaneceu virado, agora completamente - o rosto. Só então viu que não havia se afastado. Sentia o calor leve da respiração e viu os lábios entreabertos. Longe ainda. Umedeceu os seus e inclimou-se para frente. Imperceptivelmente. E votlou, com o receio de sempre. "Se tu quiser, eu não me importo". Teria ouvido isso mesmo? Sim, ouviu. Foi aproximando, só para ver o que acontecia. E ali os lábios se encontraram. Ação e reação. E era exatamente do jeito que esperava.