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17 junho 2009

às cartas

Momento Clarissa do dia - que, aliás, andava sumida né.

Havia passado já mais tempo do que deveria desde a última vez em que sentara diante de sua escrivaninha, com a janela do quarto aberta, entrevendo coloridamente meio limoeiro e outra metade do pé de laranja, para escrever uma carta. Mais uma daquelas que nunca seriam enviadas. Porque, se há muito por dizer, há muito mais ainda por entender antes disso. E as confusões sempre tendiam a se dissipar sob o riscar da caneta marcando as páginas brancas.

Dessa vez, pensava em mais do que um destinatário ao mesmo tempo. Não em ordem de importância, mas escolhendo pelo menor grau de complexidade, começou o primeiro. Texto de agradecimento era aquele. Porque, finalmente, conseguia ver por entre as fendas da obsessão. Aos poucos. Entendera, por fim, o que tantos lhe haviam dito por incontáveis vezes. Aquarela x tons de cinza. Relutava grafar a palavra cura, incoerente demais, e pensava em libertação como um exagero. Auto-libertação. Não sem muito auto-controle por trás. Um espelho, uma conexão com o que havia sido outrora. Uma nova perspectiva para o presente e sim, o futuro ainda seria possível. Longe do deslumbramento. Amadurecimento, quem sabe. Não a baixos custos, sabiam bem as horas inertes de introspecção. Obrigada por lembrar do que havia esquecido. Ponto final.

Sempre adiada, veio a vez da segunda. Essa, não sabia precisar o tom. Talvez porque não tivesse certeza do conteúdo. Imaginou traduzir em carta um gesto - o estender a mão esquerda ao cumprimento. Sim, a esquerda. A direita é a da espada. Mas a esquerda é a do escudo.

1 comentários:

Caco disse...

Uia!
Espírito de Clarissa, quando aparece, vem sempre com tudo.
Adoro litros!
bjs