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06 julho 2010

pro livro, aquele

Acordou e, em seguida, abriu a persiana. O dia era cinza, ainda, e encheu o quarto de enfado. Arrastou o corpo sobre os pés até a cozinha. Despejou os grãos de café na xícara e por pouco não os contou, um a um, pretendendo ocupar a mente com algo diferente.

Depois, sentou no sofá com o livro entre as mãos, sabendo do esforço soberbo que precisaria para se fixar na leitura. Tanto que corria as palavras pela metade, numa tentativa de, assim, salvar a atenção. O incômodo interno se manifestava pelo cruzar e descruzar de pernas, sem sossego, tal qual seu espírito, que a cada suspiro procurava em vão expelir o peso opressor.

Se o silêncio castigava, as companhias pareciam ainda mais excruciantes. Não era nada e era um pouco de tudo que se fazia em turbilhão. Parte do que era tinha combinado, consigo, não externar; mas sabia de certeza que quebraria o pacto porque queria antes de tudo ver sanar. A omissão não era seu traje a rigor. Já quanto à parte que não era, havia se disposto a racionalizar, mas de todo sabia que não poderia deixar de lado o vermelho que manchava suas impressões.

Depôs o livro fechado sobre o braço do sofá, olhou para o sol até doerem os olhos e saiu. Se a paz não estava no interior, em algum lugar haveria de atenuar a ira.

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