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26 setembro 2008

Muito

Era perto das 20h30 -mas bem podia ser qualquer outro horário, porque a cena era uma daquelas que se repetia muito - e ela lembrou de policiar o pensamento. Assim, de perto, o efeito devia ser maior. Só que ela não podia se concentrar muito bem porque tinha um pouco de medo de ser descoberta. 'E se sua mente pudesse ler lida? Que constrangimento seria'. Além do que, ia matar a espontaneidade, e ela queria que fosse super espontâneo, se fosse pra ser.

De onde estava, conseguia capturar detalhes: os dedos, que eram finos, mas não afinados, do tipo que parece um obelisco, e as unhas, um pouco largas demais. Pensava que uma mão mais delicada combinasse melhor.

Via também um pouco do contorno dos olhos, que àquela luz e àquela distância, não tinha marcas. Estava particularmente bem naquele dia, embora já tivesse visto aparições incomparavelmente melhores.

Meio que sem jeito, travava um monólogo mental, repetindo sempre a mesma pergunta, com um mantra, enquanto olhava. Embora sua dedicação fosse grande, tinha uma ponta de receio do que aconteceria se não desse certo. Uma frustração tão grande capaz de romper a boa relação com o universo, sobretudo depois de tanto esforço. Era preciso que aparecesse um sinal, ou que ela conseguisse ler algum tipo de sinal.
O medo era só que tudo isso não passasse de uma perda de tempo, sem objetivo, como esse post. E não, dessa vez não é sobre um assunto recorrente.

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2 comentários:

Anônimo disse...

Hum, fritas, cerveja e travestis já hein!

Nada é em vão!

Beijos

Caco disse...

que enigmática, você!