O nó na garganta é a pior coisa que há no mundo. Porque ele não passa nunca, não importa o que a pessoa beba, quanto ela respire ou pra onde ela olhe. A garganta obstruída é um negócio que demora – é daqueles momentos .. você sabe .. interminavelmente longos. E não adianta a pessoa querer disfarçar, porque ela só consegue por um pouquinho de tempo. Mas aí em seguida vem alguma coisa que faz os olhos marejarem novamente e começa tudo de novo. Isso toda vez que a pessoa pensa que está melhorando.
A segunda pior coisa do mundo é a insegurança que as coisas despertam em alguém quando algo dá errado. A pessoa duvidar de suas habilidades só não é mortalmente sufocante porque, a essas alturas, a pessoa já está com a garganta trancada por causa do nó mesmo e não sente lá muita coisa a mais. Errar dá uma sensação de culpa bem grande. Que só perde pra vergonha e pelo remorso de ter errado. Quando o erro atrapalha os outros, então, aí dá licença, porque faltam todos os superlativos pra descrever. Chega a faltar o ar.
Mesmo quem não foi, ou não é, muito ligado em gibi, em filme de herói, em série de tv, sabe a saga da repórter top de linha do Planeta Diário. Sabe que ela tem uma vida de glamour. Sabe que todos os dias quando vai pra redação - não de jeans, camiseta e sandalinha, mas de terninho e cabelo escovado - ela vai desvendar um super mistério, correr risco de morte, resolver uma questão que afeta diretamente milhares de pessoas e, no dia seguinte, tomar uma xícra de café enquanto lê a super matéria de capa que fez rapidamente depois de ser salva pelo Super Homem, mas antes do deadline estourar. Quem, por Deus, nçao haveria de querer ser jornalista assim?!
Ou talvez o que todas queiram, na verdade mesmo, é achar seu super herói - mesmo que na pele de Clark Kent.
Personagens são sempre estereotipados, e o legal da Lois é que ela é uma baita insuportável. Arrogante, se acha dona da verdade como qualquer jornalista, acha que pode fazer tudo sozinha, acha que tem as melhores idéias. é grosseira - ok, jornalista não se diz grosseiro, tem 'personalidade forte' ou é 'autêntico', esnoba todo mundo, faz gato e sapato das pessoas que convivem com ela - inclusive o chefe, a quem resta se resignar e aceitar, afinal, ela está fazendo o favor de trabalhar na empresa dele, e, mesmo assim, o homem - o Super Homem - se apaixonou perdidamente por ela. Ele, que poderia ter todas as mulheres e tal, tal, foi se enrabichar logo pela megera da Lois. Quem, por Deus, não se sente tentada a dar uma de Lois Lane na vida real?!
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Sobre jornalismo e cinema: não sei vocês, mas no dia que eu estava preenchendo a tal ficha de inscrição do vestibular e decidi na hora marcar 'Jornalismo' no lugar de veterinária, eu não sabia nada de como a profissão era vista - e há tempos - pelo mundo. Na verdade, foi pelos idos da metade da faculdade que caiu a ficha: tipo assim, jornalistas são personagens de filmes since always. Aquela coisa da pessoa super ligada que pesca tudo no ar, fuça nas coisas mais normais pros outros e é meio indispensável pra manter a ordem no planeta existia desde .. sei lá, sempre existiu e eu nunca tinha me tocado. Talvez se tivesse assisito a esses filmes com olhos mais críticos antes, teria ido buscar informações sobre esse tal jornalismo, fazer pesquisas, entrevistas pessoas, essas coisas bem de ... jornalista, sabe. E talvez nada tivesse sido diferente. Ou talvez só esse post.