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10 janeiro 2008

montanha russa

Ela revirou os olhos para cima mas conteve o contorcer dos lábios, embora estivesse sozinha na sala. Suspirou, por efeito dramático, já que se pegara interpretando pra nenhuma platéia. Era aquele gosto amargo e aquela apreensão aparecendo, de novo. Só que ela andava sem paciência - até pra isso. Descobrira ser dotada de uma tal paciência seletiva, e aquela montanha russa certamente não era onde devia focá-la. Pelo menos não de novo. Porque, no fim, ficava tudo igual, na mesma. E se não ficasse não seria assim que faria mudar.
Então ela pensou como poderia desembarcar daquele carrinho. Foi resgatar umas correspondências antigas - uma em particular e fez tal como se estivesse num filme mesmo: semicerrou os olhos e procurou em seu íntimo aquela sensação boa que a leitura provocou um dia. Fez de novo. Quase conseguiu. Ok, ainda a bordo, mas para um percurso com curvas bem mais obtusas.

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