rss
email
twitter
facebook

11 dezembro 2007

Pra cima

Era como um abismo, só que ao contrário. A sensação subia pela boca do estômogo, como se estivesse em queda livre, pra cima. Era assim que sentia: um abismo no peito que terminava se espatifando com uma queda livre na garganta. E não importava o que ela fazia ou onde ela fosse, sequer com quem ela estava, a sensação a perseguia. E ela pesquisava na mente os motivos que poderiam ser a causa desse desfiladeiro, procurando aquela sensação de alívio que a gente sente quando descobre qual o programa mais grave que está nos afligindo, mas não conseguia. A causa que ela pensava que era, e que quase sempre era, especialmente nos últimos tempos, não era, aquela vez, não era. Se não era aquilo só podia ser algo relacionado com aquilo, mas ela não encontrava a causa. E a queda não passava. E ela sentia na espinha aquele arrepio que a gente sente quando vai cair, só que a sensação era ali mesmo, sentada na cadeira, de frente pra parede branca. E ela estava caindo, pra cima, pra sempre, sem saber por que.

0 comentários: