O dia era daqueles que trazia os opostos. Por fora, o sol e a calmaria da brisa de verão. Por dentro, tempo fechado, com temporal fazendo estragos. Era daqueles momentos em que o silêncio precisava ser mortalmente combatido, então tirou a poeira dos velhos fones de ouvido e pôs-se a não pensar. 'I don't wanna hear. I don't wanna know.'
Essa era uma fuga do medo. Do medo de acordar um belo dia e perceber que tudo fora uma grande perda de tempo. De olhar pra trás e saber que foi tudo por nada, e saber que já não teria muito mais pela frente. Esse medo de estar fazendo tudo errado insistia em aparecer como um redemoinho escondido, um tornando arrastando tudo pelo caminho. O medo era pior quando esbarrava em uma frase: no fundo, a gente sabe, a gente sempre sabe. E, realmente, sabia. Só que fingia não, torcendo pra que estivesse errada.
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