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17 junho 2008

Quimera

Quisera eu poder olhar para trás e não ter rapidamente que voltar os olhos para frente pela vergonha de ver o que está para ser visto. Quisera eu não sentir aquele mal-estar subindo pela espinha ao lembrar de todos os silêncios de chumbo, das palavras perdidas e das mal colocadas. Quisera eu não sentir o gosto acre das vezes em que joguei o jogo da indiferença e fiz o contrário do que deveria; não ver a sombra que se fez na muralha da minha insegurança e que matou talvez as mais belas flores que pudessem haver pelo caminho. Quisera eu ter sido sempre mais eu - e quisera eu ser mais eu também agora, para dizer algo que já não tenha sido dito, usando palavras que já não estivessem cansadas de serem repetidas.
Quisera eu saber que, daqui a pouco, então, poderei olhar o que ficou com outros olhos e ver outras formas. Mais quentes, mais alegres, mais nossas. Mas, como todo pseudo-escrito que rabisca sua poesia, embora na forma de prosa, prevejo que o desfecho nem sempre tem o colorido que a gente espera, e que a vida deixa seus rastros em tons de sépia, mesmo com uma borboleta na história.

2 comentários:

Anônimo disse...

É o post mais lindo que já li aqui!!!

Emocionante...


Beijo

Rochele disse...

Lindooooo.
Inspiradíssima a moça.